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» » Jeremias e o racismo na pele

Jeremias é um menino sonhador, bom filho e bom aluno, até experimentar o racismo na infância e tem que aprender a lidar com isso.

Maurício de Souza não é a primeira pessoa que vem a mente quando pensamos nós ideias progressistas, principalmente quando se envolveu em polêmicas usando a Turma da Mônica para levantar as bandeiras que outrora disse não haver, um exemplo é a propaganda militar, com pitadas de fake news, protagonizada pela turminha… Porém os estúdios comandados pelo Maurício se lançaram no projeto das Graphic Novel MSP, dede 2012, que faz uma releitura de seus personagens, colocando os em situações que não cabem nos gibis convencionais, trazendo uma aborda mais adulta e focando em temas filosóficos e muitas vezes tabu na sociedade.

Jeremias é fã do Guardião da Noite, super herói das HQs que lê. Seus pais são negros e ocupam cargos de destaque na sociedade, o pai é arquiteto e a mãe é advogada, eles moram em uma casa muito boa, e esses fatos já quebram os esteriótipos do negro no Brasil. O menino é um bom aluno, o melhor da classe da colégio particular e tem paixão pelo espaço, sonha ser astronauta. Um dia na escola, a professora designa profissões para cada um dos alunos fazerem uma redação sobre, e no dia da apresentação para que venham caracterizados, Jeremias quer ser astronauta, mas a professora insiste que ele seja o pedreiro.

Os pais de Jeremias ocupam cargos de destaque na sociedade, quebrando o esteriótipo do negro no Brasil, que sempre é representado em cargos inferiores.

Nesse ponto, a professora é a metáfora para o racismo de nossa sociedade, a profissão de pedreiro é tão digna como qualquer outra, mas na visão preconceituosa dela, um menino negro só pode ocupar um cargo que os negros comumente ocupam, sendo lixeiros, pedreiros ou faxineiros. Mais a frente a HQ mostra que Jeremias teve vergonha de ter que ser o pedreiro e depois revelou que teve vergonha em ter vergonha, já que pedreiro é uma grande profissão, e foram esses trabalhadores que construíram a cidade, e como Jeremias disse: “E se eles não existissem, haveria só aqueles para destruir, e desses já há vários“.

Jeremias caracterizado de pedreiro, revelando ter vergonha de ter tido vergonha em poder representar um pedreiro

A HQ narra de forma sensível e sensacional a descoberta que Jeremias faz entendendo o racismo estruturado empregado na sociedade, tendo como aliados nessa jornada seus pais, que apesar de hoje terem bons empregos em cargos de destaque ainda sofrem com ações racistas, tendo que provar que não há más ações em passos simples, como insistem em julgar inquisitores racistas. Os pais de Jeremias sentiram, literalmente, na pele todos os dilemas que o menino encara e com isso inicia-se uma nova fase na vida dessa família brasileira.

A Graphic Novel Pele é um ótimo presente para crianças, que apesar de um desfecho esperançoso que não dialoga de forma feliz com o contexto nós guetos desse país, a história doce sobre um tema amargo ajuda que desde a infância entenda-se como esse país racista funciona, e para aqueles já crescidinhos que não entendem ainda, ou fingi que nada disso existe, a nona arte mostra de forma lúdica as consequências da engrenagem do sistema.




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