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HQ, Hip Hop e Abuso Sexual, uns bagulho que não combinam | De Bambaataa a Piskor


Quando tomei conhecimento do lançamento da série em quadrinhos Hip Hop Family Tree (Hip Hop Genealogia aqui no Brasil), fiquei encantado com a estética retrô da belíssima arte daquele material. Uma série que unia duas de minhas paixões desde sempre: Hip Hop e quadrinhos.

Logo comecei as minhas pesquisas pra saber quem era o maluco quem caneta aqueles desenhos belíssimos. Cheguei então no já conceituado (até então desconhecido para mim) artista Ed Piskor, e logo virei fã do trampo do cara, comecei então a ir em busca de outros trabalhos do artista.

Mas sempre acompanhando “in loco”, através do Instagram tudo que o artista produzia. Mas sempre pensando como seria foda se “essa porra saísse no Brasil”.  Não tardou muito, a editora Veneta, capitaneada pelo grande Rogério de Campos (o cara que “trouxe” o mangá dos Cavaleiros do Zodíaco pro Brasil, dentre outros), realiza o sonho de consumo do nerd amante do Hip Hop.

Em 2016, numa edição caprichadíssima, com prefácio de Emicida, a Veneta nos entrega o primeiro de uma série de volumes dessa linda coleção que já nasceu clássico (quem do Hip Hop, sabe o que eu tô falando).

Passado a euforia do primeiro número, três anos depois, a Veneta nos entrega o volume dois de três volumes lançados até agora. Com o mesmo esmero de sempre, o que já não é surpresa para os que acompanham o trabalho da editora brasileira. Porém, essa edição em particular já me trouxe um incômodo. A problemática escolha da capa que iria ilustrar o segundo volume da edição brasileira de Hip Hop Family Tree

Bambaataa retratado na arte de Piskor

É de conhecimento de todos os adeptos da Cultura Hip Hop e até de fora dele, que Afrika Bambaataa, considerando “um dos pais” do Hip Hop, tem em sua bio, desde 2021 a terrível e imperdoável mancha de escândalos sexuais envolvendo menores e também tráfico de crianças. Estranhamente os canais de Hip Hop pouco falaram sobre esses crimes.

Contudo, Hip Hop Genealogia seguiu e em 2022, somos agraciados com o terceiro e até então último volume dessa belíssima série sobre o Hip Hop, estampando em sua capa a lenda Run DMC

Eis que em 2024, o promissor nerd, amante do Hip Hop também cai em desgraça. Recai sobre Ed Piskor a acusação de aliciamento de menor. E tal como as acusações sobre Bambaataa, a alternância entre silêncios ensurdecedores e discretas notinhas de repúdio tem sido a tônica para não discutirmos assuntos espinhosos.

O Hip Hop precisa parar de se indispor e passar a também combater abertamente a cultura do estupro “…até Jack tem quem passe um pano.”, mas a canalhice não prescreve.


Texto de Paulo Brazil

Justiceiro: Uma Jornada de Resgate do Símbolo pela Justiça

O Justiceiro (Frank Castle): Um anti-herói complexo com ligações fascistas?

Ao longo das décadas, o universo dos quadrinhos tem sido palco da criação de diversos personagens icônicos, e entre eles, o Justiceiro se destaca como um dos mais emblemáticos da Marvel Comics. Criado por Gerry Conway, Ross Andru, e John Romita Sr., o anti-herói Frank Castle fez sua primeira aparição em The Amazing Spider-Man #129, lançado em fevereiro de 1974.

A história de Frank Castle é marcada por uma tragédia que moldou sua existência e motivou sua busca implacável por justiça. Ele era um dedicado fuzileiro naval e um amado marido e pai. No entanto, sua vida deu uma reviravolta terrível quando sua família foi brutalmente assassinada em um tiroteio entre gangues de criminosos. Esse evento traumatizante deixou Castle em um estado de profundo luto e raiva, impulsionando-o a buscar vingança contra os responsáveis ​​pela morte de sua família.

O Justiceiro não é um típico super-herói com habilidades sobrenaturais ou poderes extraordinários. Em vez disso, ele é um homem com habilidades de combate excepcionais, treinamento militar avançado e uma ética moral complexa e muitas vezes questionável. A abordagem de Castle para combater o crime é implacável, sem espaço para o perdão ou a reabilitação, o que o coloca em um terreno moral ambíguo, mas repleto de dilemas éticos.

É importante notar que a concepção do Justiceiro aconteceu em um contexto histórico muito diferente. Nos anos 70, o cenário político e social era marcado por temas de justiça e criminalidade, o que influenciou a criação do personagem. O debate sobre a pena de morte e o papel da violência no combate ao crime estava presente na sociedade, e o Justiceiro refletia essa atmosfera, representando a busca por uma justiça mais implacável e imediata.



No entanto, é fundamental distinguir a representação do personagem de sua intenção como símbolo ideológico. Embora as atitudes do Justiceiro possam ser controversas e até questionáveis, não há evidências de que ele seja um personagem fascista. O conceito de fascismo implica uma ideologia política autoritária, que promove o nacionalismo extremo, a intolerância e a supressão das liberdades individuais. Nada disso está presente na essência do personagem de Frank Castle.

O Justiceiro se tornou um dos personagens mais controversos da Marvel e despertou debates devido à sua visão pragmática e implacável na luta contra o crime. Infelizmente, a caveira que representa o anti-herói foi apropriada por grupos de extrema-direita, causando desgosto aos seus criadores. Em uma participação recente em um podcast, Gerry Conway expressou esperanças de que o símbolo ainda possa ser resgatado para representar causas justas.


Muitos acreditam ser difícil dissociar a caveira do Justiceiro de ataques de ódio por grupos extremistas, como mencionado no podcast Endless Threat. No entanto, Conway permanece otimista em relação à simbologia do personagem. Ele defende que apontar o dedo para os vilões sempre será uma ação válida e que o uso da caveira do Justiceiro ao lado do símbolo do movimento Black Lives Matter (Vidas Pretas Importam) é uma maneira de confrontar aqueles que merecem repreensão.

Conway acredita que a caveira simboliza a busca por justiça, não opressão. Em 2020, durante os protestos antirracistas que ocorreram em todo o mundo, o escritor lançou a campanha Skulls for Justice (Caveiras pela Justiça), incentivando os fãs do anti-herói a aplicar o símbolo Jú em causas sociais que apoiassem a justiça racial, igualdade de gênero e a visibilidade trans.

Por outro lado, a Marvel não tomou medidas legais contra o uso indevido do símbolo pelos movimentos de extrema-direita, Conway propõe uma solução mais sutil para desencorajar tal prática. Ele sugere que seja hora de um novo personagem assumir o manto do Justiceiro: um veterano de guerra negro.

Essa abordagem permitiria explorar os mesmos temas que acompanham Frank Castle, mas sob uma perspectiva mais alinhada com os problemas enfrentados pelas minorias. Essa evolução do personagem poderia trazer à tona questões importantes sobre justiça, desigualdade e representatividade, ampliando o debate dentro do universo dos quadrinhos e da sociedade em geral.

Ao resgatar o símbolo do Justiceiro para representar causas justas e transformar seu legado, Gerry Conway demonstra que os personagens dos quadrinhos têm o poder de inspirar e provocar reflexões sobre questões reais do mundo em que vivemos. A história do Justiceiro continua evoluindo, reforçando sua importância como figura emblemática dos quadrinhos, capaz de se reinventar e enfrentar novos desafios no cenário atual.


Além disso, ao longo dos anos, diversas histórias em quadrinhos têm explorado a complexidade do Justiceiro, mostrando seus conflitos internos, momentos de reflexão e até mesmo parcerias com outros heróis, o que demonstra sua posição dentro do universo dos super-heróis como um anti-herói, e não um símbolo de ideais fascistas.


Em suma, a história da criação do Justiceiro e suas motivações revelam um personagem complexo, cujas ações são movidas por uma busca por justiça em um contexto de tragédia pessoal e desafios morais. Enquanto sua abordagem implacável pode gerar debates éticos, é importante reconhecer que não há evidências de que o personagem seja representativo do fascismo. O Justiceiro é uma figura multifacetada, cuja história continua a evoluir e inspirar novas reflexões sobre justiça e ética no mundo dos quadrinhos.

Tina - Respeito


Fefê Torquato trás a personagem Tina, originalmente com trama sobre os perrengues do inicio da vida adulta, como a busca por emprego, por um porto seguro, as contas para pagar e os romances. Agora a personagem vai viver algo ainda não explorado nas HQs, o que aproxima ainda mais os dilemas da ficção com o mundo real. Para isso não é necessário que Tina seja sensualizada, apareça nua ou algo do tipo, pois a luta que as mulheres travam por respeito não se trata apenas de corpos aceitos por uma sociedade conservadora e hipócrita, ou mercadologicamente esculturados, mas sim de um briga séria, que não vê sotaques, cores, idades, estilo de se vestir, religião ou poder aquisitivo. As mulheres lutam por direitos iguais, não querem serem inferiorizadas, muito menos assediadas, e para isso pedem Respeito!